terça-feira, 20 de março de 2007

Salvar o América sim, mas sem maracutaia

Por Orozimbo Souza Júnior

De carona no assunto muito bem abordado pelo companheiro Frederico Jota, no texto anterior, algo precisa ser analisado entre as coisas que disse Ziza sobre o América.

Noves fora a bobagem de sugerir “virada de mesa”, quando o presidente do alvinegro fala que é preciso salvar o América, e que o possível rebaixamento do time para o Módulo 2 do Mineiro é péssimo para o nosso futebol, ele toca num ponto delicado: o caso do América, de fato, requer salvação.

Essa é a expressão mais correta para tratar o atual momento da terceira força do nosso futebol. Já há quem fala em um possível encerramento das atividades do departamento de futebol profissional do Coelho, caso o rebaixamento seja confirmado, somando-se ao fato de que o time nem disputará a Terceira Divisão do Campeonato Brasileiro.

A atual situação é fruto de uma seqüência de administrações ruins. O América vem, ao longo dos últimos anos, perdendo o trem da história. Mas, caso seja rebaixado, deverá se reerguer em campo, com dignidade. Permanecer na Primeira Divisão entrando pela porta dos fundos poderá ser um mal ainda maior.

Acredito que os outros clubes mineiros, falo em especial de Atlético e Cruzeiro, podem e devem ajudar de alguma forma. Basta para isso boa vontade dos nossos cartolas e, sobretudo, que os dirigentes e os aguerridos torcedores americanos tenham humildade em aceitar um eventual apoio.

Não tenho a menor dúvida em afirmar que o América é o maior celeiro de bons jogadores do futebol mineiro nos últimos anos. Fred e Gilberto Silva, presentes em todas as convocações da Seleção Brasileira, são alguns exemplos. Essa fábrica tem que continuar produzindo e competindo.

4 comentários:

Anônimo disse...

Enquanto não houver teto salarial de 10 mil reais para jogadores (que, aliás, deveriam ainda assim dar graças a Deus de ter um salário de nababo nesse país), o futebol não será viável.
Só será possível fazer boas e aparentes boas estruturas, como o Internacional e o São Paulo, mas que, com resultados ruins, tornam a colocar o projeto financeiro em xeque.

Anônimo disse...

Não quero polemizar, mas não vejo razão para fixar tetos salariais para jogadores.
A uma, por ser medida de constitucionalidade duvidosa, considerando-se que estamos falando de uma atividade privada, não submetida ao único teto constitucionalmente previsto, que é o dos servidores públicos (que, aliás, nem sempre é obedecido, no Brasil).
Poderia, talvez, haver um acordo informal entre os clubes. Mas, certamente, o primeiro que se dispusesse a contratar este ou aquele "craque" derrubaria o acerto.
A duas porque não acho que o salário da maioria dos jogadores seja tão exagerado, posto que se trata de uma carreira profissional bem curta, comparativamente com as demais.
Finalmente, creio que o exemplo do América, que não deve pagar salários tão gigantescos assim, presumo eu, é suficiente para demonstrar que o negócio não é fixar parâmetros salarias rígidos.
O que deve valer, creio, é a boa e velha lei de mercado: se o clube entende que determinado jogador merece um salário X, por lhe proporcionar, de alguma forma, rendimentos superiores a isto (a famosa mais-valia, para citar Marques, ops, Marx), que pague o valor acertado.
O que não dá para aceitar - e nisto concordo com o Guilherme - é que os clubes paguem salários altos a jogadores que não lhes trazem rendimento suficiente para tanto. Aí não tem santo ou patrocinador que ajude.
Forte abraço e meu nome é Angelo.

Anônimo disse...

Caro Orozimbo e demais colegas jornalistas
Acompanho a história do América desde a infância. É com tristeza que vejo a situação atual do Clube.Atribuo esta crise a más administrações anteriores ressaltando o esforço do presidente Antonio Baltazar para manter o Coelho no lugar que ele merece, sem a necessidade de virada de mesa.Analisando o time técnicamente acho que a ausência de jogadores como Evandro e Luciano prejudicou muito o rendimento do conjunto Americano.Além disso a troca constante do comando técnico é um fator que no mundo do futebol não tem demonstrado nenhuma eficácia.

Anônimo disse...

Nossa, concordo demais em não ter salário alto. Carreira curta ou não, é um exagero e não é nada merecido.
Eu entendo que seja necessário limitar os salários, como mencionou o colega lá do alto, exatamente porque existe um abismo entre a realidade do país e os salários dessa também irreal iniciativa privada(o que motivará uma inevitável, por bem ou por mal, alteração de cenário).

Sobre o América, ele não paga salários desmedidos HOJE, né? Porque, se agora está na situação em que está, é em razão da incapacidade administrativa de dirigentes do passado, que pensavam saber definir o que é um salário acertado, ou o que merece um craque, ou como se faz um contrato.
Algo que não é privilégio do América, diga-se de passagem, e que, no meu entendimento, serve de argumento para uma limitação dos salários (informal ou não, mas que coloque essa atividade fora de um pedestal).

Face ao despreparo dos "profissionais" e à questionável conduta dos clubes de futebol no Brasil, é necessária uma intervenção exemplar. Até porque, para início de conversa, é um universo de péssimos exemplos.

Exemplos que contrastam com a
realidade e que, cedo ou tarde, farão com que se liberte a ira do Seu João, da esquina, que esqueceu de pagar a conta de telefone e viu seu nome parar no SPC. Farão com que ele comece a questionar que leis são essas que concedem excesso de benefícios ao universo do futebol e o comem vivo por muito pouco. Farão com que ele se revolte sobre essa tal constituição, que permite que um camarada que endividou, de forma categória, uma instituição sem fins lucrativos (muitos clubes ainda estão nessa condição) não pague pelos seus delizes e continue solto por aí, passeando com corretores de imóveis e em dúvida sobre a quinta mansão: se será na Pampulha ou no Alphaville.

A paciência da turma tem limite.
E não tem pedaço de papel com proposta coercitiva e regulatória (vulgo Constituição) que segure uma ira.
É melhor que tudo seja tudo resolvido antes de uma guerra civil. Os seqüestros de parentes de jogadores de futebol não começaram de bobeira. O povo pode demorar a reagir, mas não é burro.